Los Sonidos de la Calle - Buenos Aires01

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OS SONS DAS RUAS E DAS CIDADES

As cidades possuem bocas, ouvidos, exalam odores.
As cidades são corpos, e não sabe o que perde quem não perscruta com insistência os mistérios de sua alma. Cidade se identifica com tato, visão, audição, paladar e olfato.
As cidades possuem cheiro próprio, são vivas e sensíveis aos tratos que lhes dêem seus habitantes, seus passantes e aqueles que as conduzem.
Misteriosas, caprichosas em seus afetos; para conhecê-las e entendê-las há que serem percorridos os meandros, amado os becos, botecos, sua gente transeunte ou aportada. É imperioso discernir o silêncio das horas, os sons, ruídos e antes de tudo, memorizar os seus aromas.
Há que se caminhar por suas veredas e sorver os seus acepipes.
Há que se fundar uma concepção única, um conceito inteiro, recolhido dos sete buracos da cabeça, prosseguindo pela epiderme que capta e tateia.
Há que se entregar às sensações que emanam do calor, sabor, da cor, às ondas sonoras e algo mais.
Não se toma uma cidade apenas pelos monumentos, lojas, grandes restaurantes; senão pelos seus bares, botecos, becos, ritmos, danças e pela conversa amena e desinteressada com os seus habitantes. Há uma inaudita riqueza pelos aglomerados humanos, pelas suas praças e jardins.
Onde um rio, uma praia, uma lagoa, um oceano, uma queda d’água; desfrute e navegue, mesmo que flua conduzido pela imaginação e fantasia.
Onde uma montanha, escale ou aprecie. As montanhas parecem ser criadas para a reflexão sobre o alto, o divino, o imponderável. Mesmo os agnósticos e ateus rezamos.
Ore, agradeça ao mistério da vida pelo persistente desejo que acolhemos, os do bem, de um dia reconhecermos a todos como irmãos. Aprecie os templos, visite-os, parecerão tão mais belos quanto imponentes, suntuosos. Observe como são dissidentes entre si e não se arrepie.
Ore em céu aberto, diante da natureza haverá convergência. Caso haja apreendido o sentido do sentimento de compaixão, cante ou grite alto e suavemente, até exalar todo o ar de uma inspiração. Ouça o eco e agradeça.
Onde um antigo farol, visite-o. Onde um parque, uma floresta; desvende-a, ouça os pássaros e não esqueça de apreciar as térmitas e as formigas. Nunca olvide uma borboleta, um escaravelho ou um beija flor.
Uma cidade conquista quando se vai à feira, ao mercado público, ao mercado de pulgas, ao antiquário, ao vendedor ambulante, ou ao artesanato mais simples. Torna-se possuída quando se é passageiro anônimo de seus meios de transportes urbanos mais comezinhos.
É necessário ser aquela ou aquele que vai a pé.
Ser pedestre, andarilho, caminhante é gosto maior e honraria auferida na intimidade com as esquinas, vielas, travessas, vilas, ladeiras, calçadas, trilhas de terra e paralelepípedos de um lugarejo.
Uma cidade se aprecia e se degusta, sentado a ermo apreciando os passantes, tragando a sua bebida e comendo a sua comida mais representativa e banal.
Quando algum dia distante, for dado apenas recordar, ou deseje retornar por sentir saudade e, de olhos fechados sentir o perfume, os sons, os timbres, as cores, os sabores; encontrar-se-á dentro de um filme tão completo e pessoal, quanto a capacidade de enxergar os retalhos encantadores e comoventes de uma cidade.
autor do texto e vídeo Waldir Pedrosa Amorim
Extraído do Blog:

http://blogdowaldirpedrosa.blogspot.com/

João Pessoa, 5 de dezembro de 2006

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