Com ABC Australia e Lusa
O dirigente da secretaria de Economia do Vaticano, o cardeal australiano George Pell, foi formalmente acusado de crimes de abuso sexual de menores por um tribunal de Melbourne, no estado de Victoria.
Como responsável das finanças da Santa Sede, George Pell, de 76 anos, é considerado o número três da hierarquia da Igreja, depois do Papa.
Segundo um comunicado da diocese de Sidney, o cardeal Pell deverá voltar ao país “tão depressa quanto possível”, de forma a poder “limpar o seu nome”. O comunicado acrescenta que Pell “voltou a negar todas as acusações.”
George Pell, Catholic Cardinal, charged with historical sexual assault offences https://t.co/a3qXxNJHiL pic.twitter.com/YobyQj35ya— ABC News (@abcnews) 29 de junho de 2017
Depois das primeiras notícias relacionadas com o caso, o mais alto membro da hierarquia do Vaticano a ser indiciado por crimes relacionados com abuso sexual disse que tudo se tratava de uma “campanha dos media” contra ele.
A polícia australiana diz, no entanto, que são várias as queixas apresentadas contra o clérigo, relacionadas com alegados abusos cometidos durante os anos 70.
Segundo o serviço público australiano de radiotelevisão ABC, a Austrália não tem qualquer tratado de extradição com o Vaticano, ainda que o tenha com Itália.
Um cardeal conservador que considerou a homossexualidade como “algo de errado
Pell foi ouvido por três vezes no âmbito da investigação e reconheceu, em 2016, diante da comissão de inquérito, que a Igreja cometeu “enormes erros” ao permitir que milhares de crianças fossem molestadas e violadas por padres.
Admitiu ter falhado ao acreditar frequentemente nos padres em detrimento das vítimas que alegaram abusos.
Foi ordenado em 1966 em Roma, regressando, cinco anos depois, à Austrália, onde ascendeu ao topo da hierarquia católica. Foi sacerdote na cidade de Ballarat (1976-80), e arcebispo de Melbourne (1996-2001), no estado de Victoria, no sul da Austrália.
Cardinal George Pell has released a statement following announcement of charges by Victoria Police pic.twitter.com/WW0FCwBClp— ABC News (@abcnews) 29 de junho de 2017
Posteriormente, tornou-se arcebispo de Sydney e, em 2014, foi escolhido pelo papa Francisco para desempenhar a função de “ministro” da Economia do Vaticano para reorganizar a gestão e as finanças do Vaticano.
Ficou conhecido pela oposição aos católicos progressistas pela resistência às reformas na Igreja Católica, como no que diz respeito à ordenação de mulheres. Tomou ainda posição contra o divórcio, contra o aborto e recusou fazer a comunhão a ativistas pelos direitos dos homossexuais.
Em 1990, disse que estava consciente da existência da homossexualidade, mas que acreditava tratar-se de algo errado e que, para o bem da sociedade, não deveria ser encorajado.