Trabalhar apenas seis horas por dia deixou de ser possível para o pessoal do lar de idosos Svartedalen em Gotemburgo, na Suécia. A experiência feita ao longo dos últimos dois anos, permitiu constatar uma melhoria para a saúde dos empregados, uma redução do absentismo e ainda uma melhoria na qualidade do serviço prestado aos utentes, mas isso não chegou.
Ainda em julho, a diretora do estabelecimento, Monica Axhede, gabava, aos microfones da euronews, as vantagens do novo sistema de trabalho: “O ambiente é mais descontraído. Temos aqui muitas pessoas que sofrem de doenças como o Alzheimer. Antes quando havia mais stress, isso criava muita agitação nessas pessoas. Agora, pudémos contratar mais pessoal, criámos novos empregos e temos muito menos baixas médicas”.
Mas o sistema tem os seus limites. Para que os 68 enfermeiros passassem de oito para seis horas de trabalho por dia, guardando o mesmo salário, foi preciso contratar mais 17. O custo foi de 1,26 milhões de euros. Um preço alto a pagar para a câmara de Gotemburgo, a segunda maior cidade da Suécia e aquela onde o absentismo e os esgotamentos físicos e psicológicos são os mais elevados.
A iniciativa tinha sido lançada pela antiga maioria de esquerda que governava a cidade, mas não vai ser seguida pela direita agora em funções. Um caminho que a adjunta do presidente da câmara, Maria Ryden, já sugeria em julho na entrevista à euronews: “Somos responsáveis por 53 000 empregados em Gotemburgo. Se deixarmos 53 mil pessoas trabalhar seis horas e pagarmos oito, é impossível… é uma questão de números… precisamos de mais gente e precisamos que as pessoas trabalhem mais tempo”.
Apesar de a direita pôr fim à experiência, o vereador responsável dos serviços para a terceira idade, Daniel Bernmar, um homem de esquerda, acredita que as seis horas de trabalho diário serão rentáveis a longo prazo: “Se olharmos para a economia pública no seu todo, criámos mais empregos, tivémos menos baixas médicas e temos uma maior qualidade nos serviços aos utentes. Para mim, é natural que tentemos melhorar o ambiente de trabalho e alcançar um modelo de mercado de trabalho mais sustentável, onde as pessoas trabalhem e se sintam melhor a trabalhar do que atualmente”.
A experiência de redução do tempo de trabalho foi feita noutras empresas e serviços na Suécia, como numa fábrica Toyota. Os trabalhadores dos setores mais duros passaram de oito a seis horas diárias, sem perda de salário e, até agora, nem os empregados nem os patrões lamentam a decisão.