A justiça mexicana confirmou, pela primeira vez, que os 43 estudantes desaparecidos no estado de Guerrero desde o final de setembro poderão estar mortos.
Numa conferência de imprensa, o procurador-geral Jesus Morillo revelou os testemunhos de três membros de um grupo criminoso local, detidos há oito dias, que afirmam ter morto, queimado e enterrado os restos mortais dos estudantes numa lixeira nos arredores de Iguala.
As cinzas recolhidas vão agora ser submetidas a análises num laboratório austríaco.
Os familiares reagiram com indignação ao anúncio, exigindo provas da morte dos estudantes:
“Queremos dizer, como pais e familiares, que não vamos aceitar esta declaração do procurador-geral, uma vez que nem ele tem ainda a certeza de que foram mortos. Estamos prontos para aceitar os resultados da investigação mas com provas concretas. Só quando soubermos que o que diz a polícia é a verdade é que vamos aceitar o resultado da investigação”, afirma a mãe de um dos estudantes.
Para as autoridades mexicanas, os estudantes continuam a estar desaparecidos até se conhecerem os resultados das análises aos seus alegados restos mortais.
O presidente mexicano garantiu ontem que todos os responsáveis serão punidos:
“Quero reiterar o meu apoio e a minha solidariedade aos pais, famílias e colegas dos estudantes e garantir que as investigações serão levadas a cabo até às últimas consequências e os responsáveis serão punidos”, afirmou Enrique Peña Nieto.
A Aministia Internacional lamentou hoje que as autoridades não considerem o caso como, “um crime de estado”, recordando que o principal suspeito no caso, o presidente da câmara de Iguala teria estado igualmente envolvido no desaparecimento de oito ativistas locais em 2013 sem nunca ter sido inquietado pela justiça.
Para lá do autarca e da sua esposa, outras 72 pessoas foram detidas durante a investigação, entre polícias locais e membros do grupo criminoso local, Guerreros Unidos.