O Espírito Santo atingiu a maturidade política (Eleições Estaduais de 1954).
Passado o impacto de 24 de agosto, as forças políticas que disputam o poder não apresentam nenhuma modificação substancial.
Reportagem de Nelson Matos
Vitória, 31 de agosto
Encontramos um Espírito Santo pacífico, ordeiro, inteiramente entregue às suas atividades habituais. Passado o impacto emocional produzido pelo suicídio do Sr. Getúlio Vargas, os capixabas voltaram-se para o trabalho, conscientes de sua capacidade realizadora.
Estão profundamente entusiasmados com as imensas possibilidades econômicas do Estado. Partidários da livre iniciativa, tiveram a oportunidade, nestas duas últimas administrações (Carlos Lindenberg e Jones dos Santos Neves), de prosperar em ritmo acelerado. Não resta dúvida de que os altos preços do café muito os ajudaram.
O Estado foi inteiramente cortado por rodovias, e graças às pontes construídas, o antiquado e obsoleto sistema de balsas foi extinto. O porto foi ampliado, e a assistência social, com a criação do Instituto do Bem-Estar Social (IBES), tomou um impulso prático e decisivo. Os caminhos para a industrialização já estão abertos: Hidrelétrica do Rio Bonito, as bases da Usina Siderúrgica, etc.
Maturidade Política
No plano político, os capixabas estão dando ao Brasil um magnífico exemplo de maturidade política. Passado o impacto de 24 de agosto, as forças políticas permanecem na mesma posição em que se encontravam antes.
Nenhuma composição ou modificação. A Coligação Democrática (PTB-PSP-PRP) permanece na oposição, firme com seu candidato Francisco de Lacerda Aguiar, enquanto o situacionismo (PSD-UDN-PDC) se mantém inabalável no apoio ao Sr. Eurico Salles.
O que se nota é que os comícios se tornaram mais acalorados e a linguagem mais violenta, pois um novo fator surgiu, proporcionando excelente material para exploração política: a carta do Sr. Getúlio Vargas.