A Proclamação da Independência do Brasil na Vila da Victoria (1822).
Comemorações da Proclamação da Independência do Brasil na Vila de Vitória.
Jornal Gazeta do Rio de Janeiro (RJ) - 1822.
Jornal O Espelho (RJ) - 1823;
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Viva a Constituição do Brasil, viva o Imperador Constitucional do Brasil, viva a Imperatriz do Brasil, viva a Dinastia da Casa de Bragança imperante no Brasil, viva a Independência do Brasil; semelhantes vivas foram reproduzidos em todas as vilas subalternas daquela província: o eco ressoou nos sertões, e lá mesmo em suas freguesias foi V. M. I. aclamado imperador, com unânime vontade e geral demonstração de respeito e de amor ao sagrado nome de V. M. I. E que brasileiro, senhor, deixará de extasiar-se em transportes de regozijo vendo o seu país elevado a maior categoria, do que aquela que lhe pretendiam roubar os facciosos decretos de 29 de setembro do ano passado, arrancando-lhe das mãos o majestoso cetro de Sua Majestade, para lançar-lhe os vergonhosos grilhões do cativeiro e colonização!
Há muito tempo, Imperial Senhor, que a Província do Espírito Santo se teria antecipado nestes sentimentos, se não fosse obrigada a seguir na ordem política e na ordem física que lhe tem prescrito a natureza.
A Deus restava agradecer tantas graças e benefícios. Tudo se encaminha ao Seu templo; seus levitas se prostram perante os seus altares, e parece que os anjos se vieram incorporar com homens para Lhe renderem as oblações.
O trovão invejava os brados das bombardas aplaudindo este ato, e os fogos de artifício subindo aos ares faziam emulação aos cometas e às estrelas, que acanhadas se ocultavam por entre as veias da atmosfera. Eram três horas da tarde, quando recolhido o governo, se dispôs um magnífico banquete em um grande salão do palácio, onde foram admitidas, sem preferência, todas as pessoas que couberam por primeira coberta.
Membros do governo e o comandante das armas serviram a mesa de iguarias e pratos: passou-se ao dizer que estava segunda sala para dar tempo a refazer-se a primeira para os que não couberam nela. Então voltaram para a terceira sala onde estavam efígies do imperador e da imperatriz, começaram os brindes à Independência do Brasil, ao imperador, e à dinastia de Bragança pelo corregedor, e por último o entusiasmo arrancou este do fundo dos corações, "Viva quem quer morrer pelo Brasil."
Rasgou-se tudo com vivas e pulos de alegria ao choque patriótico, e as mesmas montanhas pareciam estremecer e saltar de júbilo aos estampidos da artilharia.