Trump, Brasil, relações comerciais e o peso do agronegócio

Gazeta do Povo 2018-10-02

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O presidente americano Donald Trump acabou de falar que o Brasil é um dos países mais duros nas negociações comerciais, dando uma pinta de que vai querer fazer alguma medida contra o país. Em primeiro lugar, eu adoraria que isso fosse verdade: que o Brasil, de fato, fosse tão duro assim, porque todos os países devem ser duros na defesa de seus interesses. O segundo, que é muito engraçado, é que nos últimos dez anos os Estados Unidos tiveram déficit comercial com quase todos os países, mas não com o Brasil. Nos últimos dez anos, os americanos exportaram US$ 90 bilhões a mais do que importaram do Brasil. Só nesse ano, eles já exportaram US$ 10 bilhões a mais do que importaram. É engraçado, pelo mesmo raciocínio, seria o mesmo que o presidente da China falasse que os americanos estão sendo injustos com eles e por isso os chineses aplicariam sanções aos americanos. Trump tem uma estratégia, que é jogar para o seu eleitorado e aí as coisas começam a fazer mais sentido. Trump aplicou sanções contra a China, que retaliou. No caso, Brasil e Estados Unidos são os maiores exportadores de soja e os exportadores americanos saíram perdendo nessa disputa. Claro que ele pode colocar sanções no Brasil, mas não faz sentido: ao contrário da relação com a China, em que os chineses perdem mais caso as relações comerciais sejam paralisadas, na relação com o Brasil tem mais empresa americana vendendo e exportando para cá do que o contrário.

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