Jean-Claude Juncker à RTP: "O nacionalismo é um veneno (na Europa)"

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O presidente da Comissão Europeia critica a disparidade fiscal e admite que “a União Europeia é composta por 28 paraísos fiscais”. Em entrevista exclusiva à RTP, Jean-Claude Juncker diz que “as regras fiscais são tão díspares que, em certos pontos, cada país é um paraísos fiscal em relação aos outros países.”

“Cada um vê um paraíso fiscal no seu vizinho imediato ou no mais loginquo”, criticou o luxemburgês perante o jornalista português Paulo Dentinho, afirmando “não ser aceitável” que “numerosas empresas, não só portuguesas, por motivos fiscais” tenham fixado “a sua sede fiscal noutro país da União Europeia” para “escapar aos impostos.”

“Levámos a cabo uma luta, deveras consequente, contras empresas com as ditas sedes ‘caixas de correio’. Em tudo isso, com o método que aplicámos, houve muitas mudanças. Estamos a progredir”, garante o ex-chefe de Governo do Luxemburgo.

Juncker sublinhou que a Comissão Europeia tem realizado “um verdadeiro combate contra aquilo a que se chama o ‘dumping’ fiscal”, onde incluiu uma proposta de legislaço comum para a política fiscal das empresas e “uma imposição adequada” para as multinacionais tecnológicas.

Questionado pelos efeitos da controversa investigação jornalistíca apelidada “Panama Papers” neste “combate”, o presidente da Comissão Europeia considera que “não se deve confundir o problema” e deixou um “beliscão” a Portugal: “não vamos falar da Madeira. Teria coisas para dizer.”

Jean-Claude Juncker foi ainda questionado pela vitória do populista Andrej Babis na República Checa, pelo regresso da extrema-direita ao Parlamento alemão e ainda da crise na Catalunha. Sobre este último caso, reiterou a soberania espanhola.

“A Europa não tem nenhum papel a desempenhar no conflito entre Barcelona e Madrid. Os espanhóis têm de resolver este problema. O que não quero é que a Europa venha a ser composta de 95 países diferentes no futuro. Iríamos perder o controlo”, considerou o presidente da Comissão Europeia .

Para o luxemburguês que sucedeu a Durão Barroso em Bruxelas e Estrasburgo, “a maior ameaça” que se coloca à União Europeia “é o nacionalismo”. “Temos de fazer todos os possíveis para que a Europa tenha peso. O nacionalismo é um veneno que impede a Europa de agir unida e ter peso nos problemas mundiais”, concretizou.

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