O Curdistão iraquiano tenta cumprir o sonho de independência com um referendo sob a ameaça de um embargo petrolífero de Bagdade e de exercícios militares de Ancara e Teerão.
Catorze anos após a autonomia do território, milhares de pessoas começaram a afluir às assembleias de voto quando o presidente da região, Massud Barzani, afirma estar pronto a enfrentar todos os riscos depois, segundo ele, “do fracasso da parceria com Bagdade”.
A consulta realiza-se nas três regiões que formam o território autónomo, mas também na zona petrolífera de Kirkuk, disputada pelo goveno central iraquiano.
“Hoje é um novo dia, como uma grande festa de aniversário, sinto-me um novo homem”, afirma um eleitor.
Outro eleitor reconhece, “estou muito contente, sinto que vamos ser livres, não vamos ser governados por outros, vamos ser independentes”.
Bagdade tinha apelado esta noite aos países vizinhos a travarem a importação direta de petróleo do Curdistão, quando a maioria da produção do território é exportada através do porto turco de Ceyhan. Ancara, que rejeita igualmente o referendo quando se encontra em guerra com os separatistas curdos do PKK, pediu aos seus cidadãos que vivem no Curdistão iraquiano para que abandonem imediatamente o território. Os exércitos da Turquia e do Irão iniciaram manobras militares junto à fronteira com o Curdistão, depois de terem suspendido ontem as ligações aéreas com a zona autónoma.
O governo de Erbil afirma que o referendo será um primeiro passo para a independência do território num processo que poderia durar até dois anos. Um objetivo sob a ameaça de uma asfixia económica, quando um embargo à exportação de petróleo poderia abalar a principal fonte de rendimento da região.