O parlamento turco votou este sábado o prolongamento da mandato que permite ao exército de Ancara intervir nos territórios da Síria e do Iraque, quando faltam dois dias para a realização de um referendo relativo à independência do Curdistão iraquiano.
A validade da missão militar terminava a 30 de outubro, mas foi renovada por mais um ano. O voto foi levado a cabo ao longo de uma sessão parlamentar extraordinária, transmitida em direto pela televisão.
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Para a Turquia, um Curdistão independente, criado a partir do desmembramento de território do Iraque, constitui uma “ameaça séria” para a segurança interna do país. Ancara considera as intenções curdas como parte de um grupo de projetos “separatistas ilegítimos”.
Durante o debate, foram referidas as milícias curdas do YPG, presentes no norte da Síria e apoiadas por Washignton no combate aos jiadistas do autoproclamado Estado Islâmico ou Daesh, que, para Ancara, tal como o Daesh, são “terroristas”.
Governo turco insiste: um Curdistão independente representa “ameaça séria”
Antes da votação, Nurettin Canikli, ministro turco da Defesa, avisou que o referendo seria pura e simplesmente considerado como “nulo” pela Turquia, insistindo em que a iniciativa “representa uma séria ameaça para a segurança nacional”.
Graças à missão militar ainda em vigor, o exército turco levou a cabo uma ofensiva em agosto do ano passado, atacando tanto os jiadistas do Daesh como as milícias curdas do YPG.
A Turquia deseja livrar-se da violenta rebelião separatista curda no seu próprio território, onde vivem cerca de 15 milhões de curdos.
Ancara avisou que, se o referendo tiver lugar, haverá consequências de natureza política, diplomática e económica, segundo palavras do primeiro-ministro Binali Yildirim.
A Turquia levou a cabo, nos últimos meses, um conjunto de contactos diploáticos com o Irão e o Iraque, países com os quais tem relações, no mínimo, sensíveis, mas que também se opõem à realização de um referendo no Curdistão iraquiano.
Com Reuters e AFP