Um grupo de mais de 21.000 voluntários nos Camarões criou uma rede nacional para ajudar as vítimas de abuso sexual, violência e gravidez precoce a reconstruir as suas vidas. O grupo RENATA realiza ações de rua e educa crianças a protegerem-se dos abusos que, por vezes, acontecem em ambiente familiar
“Na maioria das vezes, quando a violação ocorre no círculo familiar, é difícil para alguém falar sobre isso porque os membros da família vão dizer – isso é uma questão familiar e não deve ser discutido com pessoas de fora. É melhor que seja a família a tentar resolver. Muitas das vezes, a família entra em acordo com o violador sem o conhecimento da vítima. A própria vítima é abandonada à sua sorte,” afirma a voluntária do grupo RENATA, Charnelle Lumière.
O grupo RENATA também lida com algumas práticas culturais prejudiciais, como a mutilação dos seios através de objetos quentes, uma prática realizada com a intenção de evitar o desenvolvimento dos seios e dissimular a puberdade.
“O governo precisa, realmente, de fazer leis e ser consistente na punição às pessoas que continuam a praticar estes atos, quer seja a violação ou a mutilação dos seios. Mas também tem de se preocupar com as vítimas, por exemplo apoiando organizações como a RENATA,” revela o cofundador do grupo RENATA, Flavien Ndonko.
Um estudo realizado pela RENATA, em 2009, nos Camarões, revela que 1 em cada 20 mulheres foi violadada e que 10% das vítimas foi violada antes dos 10 anos de idade.