Os serviços secretos franceses não escondem as dúvidas sobre a reivindicação do ataque em Paris, na quinta-feira, quando tentam apurar se o autor agiu sozinho.
Uma testemunha filmou o momento em que um homem armado provocou o pânico nos campos Elísios, ao abater um polícia, ferindo outros dois agentes da ordem e uma transeunte, antes de ser neutralizado.
“De repente ouvi um som, como um disparo. Não sabíamos de que se tratava, foi muito rápido, mas passado vinte segundos voltámos a ouvir disparos e foi aí que percebemos que se tratava de um tiroteio, as pessoas começaram a gritar e a fugir para todos os lados”, afirma Mohannad Sulaiman Alnoaimi, que se encontrava num café na zona do ataque.
Mais de uma centena de polícias prestaram ontem uma homenagem ao colega abatido, com uma marcha da praça do Trocadéro, junto à torre Eiffel, até ao local do ataque de quinta-feira, na avenida dos Campos Elísios.
As circunstâncias e autoria da ação permanecem ainda por elucidar.
Reivindicação do EI: oportunismo ou segundo suspeito?
O grupo Estado Islâmico (EI) tinha reivindicado o atentado, identificando o atacante como um cidadão belga.
Segundo o jornal Le Parisien , os serviços secretos franceses mantém as dúvidas sobre a forma “oportunista” como o grupo EI poderia ter evocado o suspeito belga, quando o nome do homem circulava já nas redes sociais.
O indivíduo tinha-se apresentado ontem às autoridades belgas, em Antuérpia, descartando qualquer ligação ao ataque. O homem estaria a trabalhar à hora da ação em Paris, segundo o seu advogado.
A investigação da polícia permitiu identificar o autor material, um francês de 39 anos, detido, em fevereiro por suspeitas de terrorismo, mas libertado posteriormente por falta de provas.
O atacante, abatido pela polícia, tinha sido igualmente condenado a 15 anos de prisão, em 2005, por tentativa de assassínio de três pessoas, duas das quais agentes da ordem.
Três membros da família do suspeito encontram-se ainda a ser interrogados, após terem sido colocados em prisão preventiva.
A polícia francesa não descarta, para já, a possibilidade do atacante não ter agido sozinho.
O ataque marcou a reta final da campanha para as presidenciais, antes da primeira volta do escrutínio, este domingo.
O primeiro-ministro francês, Bernard Cazeneuve, tinha ontem anunciado um reforço das medidas de segurança em torno das 67 mil assembleias de voto, com a mobilização de mais de 50 mil polícias e militares para acompanhar o sufrágio.