Hashemi Rafsanjani (1934-2017), um percurso dúbio: Reformador ou cúmplice de assassínios?

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No Ocidente era considerado um centrista, um reformador. Para muitos iranianos, Hashemi Rafsanjani, morto este domingo aos 82 anos, era um discípulo do Aiatola Khomeni e não é por acaso que acabou acusado de cumplicidade em vários crimes cometidos no ocidente e atribuídos à teocracia iraniana. Presidente do parlamento desde 1980, é nomeado Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e é neste título que impõe, em 1988, o cessar-fogo na guerra com o Iraque, que durava há oito anos.

Com a morte de Khomeni, é eleito presidente da República em 1989 e fica neste posto até 1997. O programa é um misto de abertura e reformas. Defende uma aproximação ao Ocidente e aos Estados Unidos, até aí considerados “o grande Satã”.

Em 1997, impedido de se recandidatar, apoia outro reformista, Mohammad Khatami, que ocupa a presidência até 2005. Rafsanjani consagra-se então ao Conselho de Discernimento, a que preside desde 1989, e continua, na sombra, a influenciar a política iraniana.

Em 2005, tenta o regresso: Apoiado por muitos iranianos, sobretudo os estudantes, tem como missão derrotar um outsider, o presidente da Câmara de Teerão Mahmud Ahmadinejad, um ultraconservador. Fica à frente na primeira volta, mas perde na segunda para Ahmadinejad – começa aí a perder influência. Ahmadinejad é reeleito em 2009 e os reformadores não aceitam a derrota. Rafsanjani é um dos que boicotam a cerimónia de investidura.

Começa então uma onda de manifestações contra o presidente reeleito, o que seria apelidado “revolução twitter”. A repressão é violenta e o balanço é de mais de 150 mortos. O episódio vai deixar sequelas importantes na sociedade iraniana. Por ter apoiado o movimento e criticado Ahmadinejad, tal como pela posição que assume face às sanções impostas ao país, acaba afastado do primeiro plano da vida política. Permanece uma das principais figuras entre a corrente reformadora.

Em 2013, devido à idade avançada, é impedido de se recandidatar. Apoia então o atual presidente Rohani, que viria a vencer as eleições. Rafsanjani foi, até 2011, presidente da Assembleia dos Peritos, o órgão que nomeia e pode destituir o Líder Supremo.

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