É uma questão de imaginar a nossa galáxia como um imenso organismo vivo, dotado de um esqueleto próprio. Após três anos de estudos, o projeto Via Láctea consolidou uma vasta base de dados. Os resultados das investigações efetuadas foram apresentados em Roma e a conclusão parece inquestionável: nunca mais iremos olhar para a Via Láctea da mesma forma.
Uma visão profunda e integrada do que se passa à nossa volta – o projeto Via Láctea promete dar aos astrofísicos uma série de novos recursos. A iniciativa resultou numa espécie de biblioteca, onde se podem encontrar mapas detalhados e informações descritivas sobre o nascimento de estrelas na nossa galáxia.
Pedro Palmeirim, membro da equipa científica, explica que se trata como de “uma coleção de livros, uma coleção de conhecimento em que cada um contribui, cada um escreve as suas páginas, cada um tem o seu livro ou enciclopédia. Temos vários tópicos diferentes entre nós e tentamos fazer ligações entre tudo. A ideia é tentar conectar tudo, porque o universo está todo ligado”.
ASI_spazio: https://t.co/A83XX3LlNI #HiGAL Panoramica sull’Universo freddo dove emergono nuove generazioni di ste… pic.twitter.com/LgD6fdUxjV— ASTRONOMIA (@ASTRONOMIA10) 30 de março de 2016
Segundo outro investigador, Davide Elia, procedeu-se “a uma análise completa da galáxia. O que fizemos abre a possibilidade de novos estudos, mais amplos, que possam gerar estatísticas abrangentes, de forma a podermos reconstruir toda a história da formação de estrelas nesta galáxia: o passado, o presente e o futuro”.
“Agora sabemos onde nascem as estrelas”
Este projeto apoiado pela Comissão Europeia integrou o programa de observação HI-GAL, que assenta nas captações do satélite Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA). Se perguntarmos a estes cientistas como olham agora para a Via Láctea, a resposta é: “é uma máquina de fazer estrelas”.
“O ponto de partida foi a necessidade de construir o primeiro mapa altamente detalhado da distribuição de matéria escura fria na nossa galáxia. Esta matéria é importante porque é a partir dela que se formam as estrelas como o Sol. Podemos dizer que a nossa galáxia é uma espécie de organismo vivo sujeito a um ciclo contínuo de transformação de matéria. Um resultado completamente inesperado foi a descoberta de uma série de estruturas em filamento na matéria fria que, de certa forma, constituem o esqueleto dos braços em espiral da nossa galáxia”, afirma Sergio Molinari, cientista responsável pelo projeto.
Graças aos dados recolhidos pelo Herschel, ao longo de quase 1000 horas de observações, estamos mais perto de alcançar um modelo que sirva de base a uma teoria fundamental sobre o nascimento das estrelas. O astrofísico Anthony Whitworth, da Universidade de Cardiff, aponta que agora é possível “recolher muito mais informações a partir das observações feitas pelo Herschel, o que nos está a ajudar a configurar um modelo. Há outros investigadores dedicados a construir modelos sobre os fluxos qu