A Hungria pronuncia-se, este domingo, num referendo sobre as quotas de refugiados na União Europeia. Os húngaros vão responder à seguinte questão: “Quer que a União Europeia imponha quotas obrigatórias de acolhimento de cidadãos não húngaros, mesmo que isso não seja aprovado pela Assembleia Nacional?” Ao organizar o referendo o governo espera que a maioria dos eleitores responda “Não”.
“Queremos que o máximo de pessoas vote e dê a sua opinião sobre se considera possível que as instituições europeias tomem decisões sem perguntarem ao parlamento húngaro, quando se trata de outras pessoas a viverem no nosso país”, argumenta o porta-voz do governo, Zoltán Kovács.
Os partidos da oposição estão dividos sobre a questão. O Jobbik – da extrema direita – apela ao voto “Não”. Só o pequeno Partido Liberal apela explicitamente ao “Sim”; os outros partidos da esquerda apelam à abstenção, alegando que os húngaros não devem participar neste jogo do governo.
Algumas ONG’s consideram que é importante que os húngaros manifestem opinião e pedem que o façam através de votos nulos. É também o que faz o chamado Partido do “Cão com dois Rabos” que utiliza o humor na campanha. Fez, por exemplo, uma série de cartazes onde se pode ler: “Sabia que, em média, os húngaros vêm muitos mais ovnis do que imigrantes ao longo de toda a vida?”
“Se houver um número muito alto de votos nulos, isto vai, pelo menos, mostrar ao governo que não é necessário fazer campanhas de ódio”, diz o líder do partido, Gergö Kovács
Muitos húngaros não sabem sequer sobre o que é que têm que decidir. As sondagens mostram que mesmo as pessoas que votam contra o governo de Viktor Orban estão satisfeitas com a sua política de imigração. Por isso, parece quase certo que o voto no “Não” será maioritário. A questão é saber até que ponto o referendo será válido, ou seja, se mais de 50% dos eleitores vão às urnas, já que as sondagens apontam uma taxa de participação que pode oscilar entre 42 e 55%.
De acordo com o analista político, Attila Juhász, o referendo tem consequências internas mas também internacionais:
“Internamente, a questão é saber o quanto Viktor Orban vai conseguir reforçar o seu poder e distanciar-se ainda mais da já frágil oposição; ao nível internacional resta saber até onde poderá ele ir na desestabilização da União Europeia e dos estados membros, como tem vindo a fazer no último ano e meio em matéria de imigração”.
As últimas sondagens mostram o aumento do sentimento negativo contra os refugiados na população húngara. Só 44% considera que os imigrantes deveriam ser tratados de uma forma mais humana. 63% pensa que não lhes compete ajudar os refugiados. Há um ano, mais de 60% das pessoas considerava que era importante ajudar, agora são apenas 18% os que manifestam solidariedade.