Movimentação militar russa na Crimeia inquieta Estados Unidos

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Já não é só a tensão que cresce entre a Ucrânia e a Rússia: as forças ucranianas avançam no terreno para a zona de Donbass e fronteira administrativa com a penísula da Crimeia, anexada pelos russos em 2014 depois de um referendo não reconhecido pela ONU e por Kiev.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, releva a prontidão para combate das tropas mobilizadas: “Dei ordens para posicionar as Forças Armadas da Ucrânia, a Guarda Nacional, o Serviço de Segurança da Ucrânia, ao mais alto nível de prontidão para combate – e os guardas fronteiriços devem estar particularmente atentos aqui – na área administrativa com a Crimeia e na área envolvente à linha de confronto.”

Movimentações das tropas russas na região da fronteira da Ucrânia com a Crimeia levaram o embaixador ucraniano das Nações Unidas, Volodymyr Yelchenko, a pedir uma reunião aos 15 membros do Conselho da ONU.

Segundo ele, o número de tropas russas é de 40 mil naquela zona, numa demonstração de poderio militar que diz refletir “muito más intenções”, declarações feitas após a reunião dos 15.

O Kremlin justifica a mobilização de tropas como salvaguarda da população civil e das infra-estruturas da Crimeia, depois da “deteção de manobras “terroristas” ucranianas na Crimeia”:http://pt.euronews.com/2016/08/11/ucrania-coloca-em-estado-de-alerta-as-unidades-do-exercito-junta-a-fronteira e Putin reuniu também esta quinta feira com o conselho de segurança do Kremlin para que medidas de defesa da Crimeia dos alegados ataques da Ucrânia fossem discutidas.

Kiev nega as acusações, a NATO diz não existir nenhuma prova apresentada por Moscovo, os Estados Unidos reforçam a ausência de evidência e declararam-se esta quinta-feira “extremamente inquietos” com a visível e militarizada escalada de tensão, apelando a ambas as partes para que evitem atos de agudização, por palavras da porta-voz do Departamento de Estado, Elizabeth Trudeau, que reforçou ainda a posição americana no não reconhecimento da Crimeia como território russo, ao lado do resto da comunidade internacional.

US Amb to Kiev GeoffPyatt sets off tweet storm after Putin accused #Ukraine of incurring into its own peninsula pic.twitter.com/LZzgwBYKrv— Simon Ostrovsky (SimonOstrovsky) August 11, 2016

As acusações de Moscovo passam pelo desmantelamento, através do Serviço Federal de Segurança russo (FSB) de alegadas manobras terroristas ucranianas e ainda de duas mortes russas em combate. Foi publicado um vídeo por Moscovo onde se mostra Evguen Panov, elemento dos serviços secretos ucranianos que alegadamente estaria envolvido nas ações terroristas de que a Rússia acusa Kiev e que terá declarado ter sido recrutado para o ataque a um ferry, uma base de helicópteros, um depósito de petróleo e uma fábrica de químicos.

Kiev contrapõe dizendo que aquilo a que Moscovo chama um julgamento se traduz num refém.
A Ucrânia refuta todas as acusações e diz que não são mais do que o pretexto para a Rússia endurecer a posição militar e traduzi-la numa posição de força na negociação do conflito na Ucrânia de Leste, que opõe separatistas pró russos e o governo ucraniano.

Russia’s fantasies pursue the only goal: a pretext for more military threats against Ukraine – Poroshenko pic.twitter.com/JoOG6WxYey— The Bankova (TheBankova) August 10, 2016

Internamente, a posição russa de demonstração de poder militar pode colher frutos nas eleições de 8 de setembro.
Ao mesmo tempo, Putin afirmou “sem sentido” uma negociação do conflito em formato Normandia, com Alemanha e França, fazendo pender mais sobre os Estados Unidos a intenção declarada de Obama de o conflito na Ucrânia ser negociado antes do termo de mandato.

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