O “sim” e o “não” estão muito próximos nas sondagens do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Mas os jovens (entre os 18 e os 24 anos) que representam 12% do eleitorado podem decidir o resultado.
Na torre Shard, em Londres, foi organizado um debate para captar a mais jovem geração de votantes, que querem ter uma palavra a dizer. Mas aqui, eles são uma minoria.
“De acordo com as sondagens, os jovem tendem a ser mais pró-europeus que as gerações mais velhas. Mas nas eleições do ano passado, apenas 43% dos eleitores entre 18 e 24 anos foram votar. É por isso que as duas campanhas fazem tudo o que podem para aumentar este número”, explica o enviado da Euronews a Londres, Damon Embling.
Este debate faz parte da estratégia para vencer a apatia e aliciar os mais novos a dirigirem-se às urnas no dia 23 de junho.
“Vim aqui porque estou indeciso. Tenho um irmão que está muito seguro de que quer sair e o meu pai é muito muito liberal e ambientalista e quer ficar. Por isso vim aqui para ouvir outras opiniões e pontos de vista de pessoas que não me estejam muito próximas”, diz Simon, de 24 anos.
Linessa, de 17 anos, considera: “Muita gente subestimou a importância que isto poderia ter para os jovens. Obviamente que isto afeta a educação e não só. Penso que é muito injusto minar o debate com os múltiplos efeitos de sair ou ficar, noutras áreas, exceptuando a imigração”.
“Penso que é muito importante que toda a gente possa exprimir-se pelo voto. Vou votar para ficar porque não sinto que tenhamos um futuro melhor fora da União Europeia. Nós só pagamos 18,6 milhões de libras à União e o que muitas pessoas não percebem é que recebemos de volta metade dessa soma”, afirma Ronan, de 22 anos.
O jovem operário Sam Sharpe não vê qualquer benefício em continuar na União Europeia e quer sair.
“Vou votar para sair porque, pessoalmente, não ouvi a David Cameron nenhuma boa razão para ficar. Ele deixa as coisas acontecerem, deixa-se ir e só tenta meter medo às pessoas para que decidam ficar”.
Darren Sharpe, investigador universitário, debruçou-se sobre a perspetiva que os jovens do Reino Unido têm da União Europeia. Os números falam por si: 72% consideram-se cidadãos europeus, mas uns esmagadores 93% dizem que sabem muito pouco ou nada sobre o bloco europeu.
“O referendo é mais emocional e identitário do que uma escolha racional qualquer que seja a tendência do voto. O que é positivo é que os jovens se sentem europeus, sentem-se conectados com a Europa e integrados. Mas em termos de burocracia e do impacto das decisões governativas sabem muito pouco e solicitam informação”, esclarece.
A organização caritativa ‘Bite the Ballot’ tem comunicado bastante nas redes sociais e desenvolvido worshops em várias comunidades para tentar aumentar consideravalemente o número de jovens votantes neste referendo.
O diretor da campanha, Abiodun Olatokun, fala da reação dos jovens:
“O que foi interessante foi ver a forma como os jovens rejeitam as campanhas convencionais sobre o referendo da União Europeia. Preferem antes falar da forma como isso os vai afetar a eles e à comunidade em que estão inseridos, e essa foi a grande tendência que vimos até ao final do período de registo dos eleitores”.
Não há dúvida que as campanhas levaram muitos jovens a exprimir-se. Mas nada garante que isso se traduza num número muito maior de votos entre a geração mais nova dos eleitores britânicos.