Uma operação policial em Portugal está a revelar o lado obscuro dos chamados “vistos dourados”, criados há um ano para atraír empresários estrangeiros a investir no país.
Desde quinta-feira que mais de 11 pessoas foram detidas, suspeitas de vários crimes entre corrupção e lavagem de dinheiro, no quadro de uma mega-operação batizada “labirinto”.
Entre os detidos encontram-se os diretores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e do Instituto de Registo e Notariado (IRN), a secretária-geral do ministério da Justiça e pelo menos três empresários chineses.
Em causa está uma alegada rede de corrupção que facilitaria vistos dourados em troca do pagamento de comissões e à qual poderiam estar associadas várias agências imobiliárias.
A oposição exigiu já explicações ao vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que afirmou estar disponível para comparecer no parlamento.
O jornal Expresso revela na edição deste sábado novas informações, segundo as quais o líder dos Serviços de Informação e Segurança (SIS) e dois agentes dos serviços secretos teriam sido vistos a ajudar um dos suspeitos a contornar as escutas da polícia.
As alegadas relações entre o atual ministro do Interior, Miguel Macedo, e alguns dos suspeitos, fizeram surgir várias informações, não confirmadas, de que o responsável político teria proposto abandonar o seu lugar no governo.
O programa de atribuição de vistos “gold” ou “vistos dourados”, criado em 2013, prevê a atribuição de autorizações de residência e de regalias fiscais para estrangeiros que invistam em Portugal.
O plano destinado a atrair investimento estrangeiro exige como contrapartida a compra de uma casa a partir de 500 mil euros, um depósito bancário a partir de um milhão de euros ou a criação de 10 postos de trabalho em Portugal, por um período mínimo de cinco anos.