A crise política entre Tirana e Belgrado pode degenerar numa situação explosiva nos Balcãs. Esta noite, cinco lojas de albaneses foram alvo de ataques em Novi Sad e Vrsac na Sérvia. Desconhecem-se os autores e os motivos mas, na véspera, a embaixada da Albânia em
Podgorica, capital do Montenegro foi atingida por pedras. Três homens foram detidos.
Os acontecimentos produziram-se na sequência do incidente com o drone, que interrompeu o jogo de futebol de qualificação para o Euro 2016, entre a Albânia e a Sérvia, em Belgrado. O drone sobrevoou o estádio do Partizan com um mapa de uma “Grande Albânia”, projeto nacionalista das comunidades albanesas dos Balcãs – um projeto que lembra a “Grande Sérvia” desenhada por Milosevc, que levou há guerra fraticida dos anos 90.
O escândalo obrigou a Comissão Europeia a pronunciar-se e condenar “a provocação”. A porta-voz, Maja Kocijancic, foi bem explícita:
“(...) rejeitamos quaisquer sugestões feitas nos Media sérvios: a UE não teve qualquer papel na situação e, mais importante, considera que a política não pode ser conduzida com provocações nos estádios. Neste contexto, tem especial importância a cooperação regional e a visita do primeiro-ministro albanês, Edi Rama, à Sérvia, nos próximos dias.”
O irmão do primeiro-ministro albanês estava na bancada VIP e foi acusado de envolvimento no incidente, facto negado com veemência pelo líder albanês, determinado a cumprir o programa previsto para 22 de outubro.
Será a primeira visita de um líder albanês a Belgrado, em 70 anos, e prevê-se que marque uma nova etapa nas difíceis relações entre a Albânia e a Sérvia, bloqueadas desde a independência do Kosovo.
Vladimir Putin também esteve ontem na capital sérvia – antes de seguir para Milão – para celebrar, com alguns dias de avanço, o aniversário da libertação de Belgrado pelo exército vermelho, há 70 anos. Foi mais uma ocasião para a Sérvia fomentar a sua ligação à Rússia, ao mesmo tempo que projeta aderirà União Europeia.