É um facto que o terceiro frente-a-frente entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia, previsto para sexta-feira à margem da ordem de trabalhos, está a centrar boa parte das atenções em Milão, onde esta quinta-feira arrancou a 10.a cimeira Euro-Asiática (ASEM, na sigla inglesa: “Asia-Europa Meeting”). A estabilização económica, a segurança e o ébola estão na agenda desta reunião que reúne 53 países membros, incluindo Portugal, e representa cerca de 60 por cento da população mundial, metade do PIB (Produto Interno Bruto) do planeta e pelo menos 70 por cento do comércio internacional.
Depois de ter estado prevista a presença de Pedro Passos Coelho ou Paulo Portas, Portugal acaba por estar representado em Milão pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. Entre os pesos pesados da política europeia e asiática destacam-se o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso; o presidente francês François Hollande; os primeiros-ministros da China e do Japão, Li Keqiang e Shinzo Abe, respetivamente; ou a chanceler alemã.
À entrada para a reunião, Angela Merkel explicou o cerne da cimeira deste ano: “Estamos aqui para debater temas de importância global, relevantes tanto para a Ásia como para a Europa. É claro que vamos falar de economia, mas também da segurança nas rotas marítimas e da cooperação para enfrentar catástrofes como o ébola, que se está a passar em África, mas no qual podemos ajudar.”
O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, destacou, por sua vez, no discurso de abertura, que “nunca antes foi tão importante unir forças”. “Inclusive a nossa segurança está entrelaçada”, destacou da ordem de trabalhos, apontando ainda que “mais investimento é a chave para mais emprego e crescimento.”
Hollande deixou notas um pouco pessimistas: “A economia dos Estados Unidos está a desacelerar e a Europa revela um crescimento débil. Precisamos que a Ásia ajude o crescimento europeu na condição de que a Europa, ela própria, saiba organizar a sua política económica para ser mais favorável ao crescimento.”
O primeiro-ministro italiano Mateo Renzi é o anfitrião desta edição da ASEM e partiu dele o convite para Petro Poroshenko estar presente. O encontro entre o Presidente da Ucrânia e Vladimir Putin está previsto para sexta-feira de manhã. Mais do que importante para o conflito separatista que se mantém no leste ucraniano, este encontro será relevante também para a questão energética, que afeta igualmente uma boa parte da União Europeia.