Esta sexta-feira, em Milão, a terceira negociação entre Vladimir Putin e Pétro Poroshenko vai evocar o conflito do Leste da Ucrânia, sem suscitar muitas esperanças numa alteração visível no terreno – pelo menos mais do que até agora. Os dois líderes já se encontraram, à margem das celebrações dos 70 anos do Desembarque aliado, e acordaram um cessar-fogo num segundo encontro em Minsk.
Para preparar esta ronda, os chefes da diplomacia russa e americana encontraram-se, na terça-feira, em Paris. Serguei Lavrov declarou que é preciso relançar o diálogo político, porque os acordos de Minsk previam o necessário para resolver a crise ucraniana, mas declarou mais uma vez:
“Sabe, John Kerry, eu não represento as partes em conflito. Como já afirmei, a resolução da crise ucraniana só é possível quando houver acordos diretos entre os envolvidos.”
Por seu lado, John Kerry lembrou que só as eleições legislativas de 26 de outubro são legítimas, assim como as dos dirigentes locais no Donbas:
“(...) Julgamos que quaisquer esforços para justificar o referendo para a independência de Luhansk e Donetsk, neste momento, constituiriam uma violação dos acordos de Minsk, e os resultados não seriam reconhecidos pela Ucrânia ou pela comunidade internacional”.
Kerry confirmou a retirada das tropas russas da Ucrânia e da zona fronteiriça. A 12 de outubro, Vladimir Putin ordenou o regresso do destacamento de Rostov, mas o Kremlin negou sempre quanquer envolvimento no conflito ucraniano.
Elemento essencial para a vigilância da fronteira e do cessar-fogo, que entrou em vigor no dia 5 de setembro, é o conjunto de drones chegado à Ucrânia nos últimos dias. A operacionalidade total só se verificará no fim do mês. A OSCE está encarregue da monitorização da trégua.
Inúmeras violações da trégua já foram verificadas em Donestk e Mariupol, um porto estratégico no mar de Azov, que está nas mãos dos ucranianos. O conflito terá causado 3600 mortos até ao momento, segundo a ONU.