Mike Tyson: "Não tenho saudade do tempo em que ganhava 30 ou 40 milhões por combate"

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Chamaram-lhe o maior vilão do planeta, conhecido pelas diatribes dentro e fora do ringue. O antigo campeão mundial de pesos pesados, o lendário e controverso Mike Tyson conta a história da sua vida num “one man show” e está agora aqui no Fórum Grimaldi no Mónaco.

Isabelle Kumar, euronews:

Mike Tyson, obrigada por estar connosco aqui no Global Conversation. Está aqui para apresentar o seu “one man show”, “Undisputed Truth” (Verdade Absoluta), que fala sobre os altos e baixos da sua vida. Quando o vemos, temos a impressão de que quer deixar tudo em pratos limpos. É assim?

*Mike Tyson:

Não sei se quero deixar em pratos limpos. Falo com as pessoas sobre coisas que elas já conhecem, apenas gosto que elas saibam o que está por detrás disso, mas não acho que isso seja deixar as coisas em pratos limpos.*

Isabelle Kumar, euronews:

Interessa-lhe a opinião do público sobre si quando faz isto ou chegou a um ponto em que…

*Mike Tyson:

Não. Gosto só de entreter as pessoas.*

Isabelle Kumar, euronews:

O que faz com que seja tão bom em palco? É a experiência como pugilista, que se traduz bem no palco?

*Mike Tyson:

Penso que a minha experiência como pugilista, de atuar perante grandes multidões me deu confiança para enfrentar o palco.*

Isabelle Kumar, euronews:

Dá-lhe energia?

*Mike Tyson:

Sim, toneladas de energia. Mas não é muito importante. Faço o espetáculo da mesma forma, seja para 20.000 ou para duas pessoas.*

Isabelle Kumar, euronews:

Como é que mede o sucesso? Antes era pelo número de vitórias por “knock-out”. Era um fenómeno de sucesso. Agora, o sucesso é importante? Como é que o mede?

*Mike Tyson:

Não sei. Como ser humano, o sucesso é importante para qualquer pessoa. Tal como para si, na sua área, é importante fazer uma boa entrevista e ser reconhecida no seu campo, tal como eu fui no meu. Seja em que área for, as pessoas gostam de ser reconhecidas e colher os frutos do trabalho que tiveram. Por isso sim, eu também aprecio.*

Isabelle Kumar, euronews:

Pedimos ao nosso público na Internet que nos mandasse perguntas. Recebemos muitas questões. Adriel Moodley pergunta por que razão se virou para a “stand up comedy”. Sei que o seu espetáculo não é propriamente de comédia, já que fala de algumas partes duras da sua vida… Mas como chegou aqui?

*Mike Tyson:

Vi um ator, nos Estados Unidos, chamado Chazz Palmenteri, que fez um filme chamado “The Bronx Tale”. Nessa noite, ele representou o filme completo no palco. O filme teve um grande sucesso, foi um “blockbuster”, mas ele no palco, sozinho, fez ainda melhor que o filme. Cativou todo o público, 8000 ou 9000 pessoas. Cativou-nos a todos, não ouvíamos mais nada a não ser a voz dele. Pensei que seria extraordinário fazer uma coisa assim.*

Isabelle Kumar, euronews:

Li a sua autobiografia e vi o espetáculo. Teve de deixar algumas partes de fora. Vai haver uma “Undisputed Truth, parte dois”?

*Mike Tyson:

Sim, temos outro espetáculo, mas “Undisputed Truth” monopolizou tudo, houve muitos pedidos de representações, pelos quais estou muito grato. Não devia dizer isto, mas às vezes gostava que houvesse um pouco menos de procura, para que pudéssmos mostrar o outro espetáculo, que é também muito bom.*

Isabelle Kumar, euronews:

Fale-me um pouco dele.

*Mike Tyson:

É como “Undisputed Truth”, mas chama-se “Addicted to Chaos” (Viciado no Caos), fala muito sobre os anos loucos, sobre coisas de que não pude falar no primeiro espetáculo.*

Isabelle Kumar, euronews:

Pode falar-me um pouco dele?

*Mike Tyson:

Houve um incidente. Fui entrevistado por um repórter de televisão. Um jovem branco, de aparência fraca. Quando veio entrevistar-me, as pessoas estavam a gozar com ele. Alguns pugilistas e miúdos fora do ginásio. Chamavam-lhe “seu este, seu aquele”... Quando ele me fez a entrevista, foi uma grande entrevista. Fiz com que os outros paraassem de o humilhar. Estávamos no Ramadão, tinha o meu Alcorão comigo e disse que estava ali um ser humano, que o deixassem em paz e o tratassem com respeito.

Decorreu então a entrevista. Algumas semanas depois, já depois do fim do Ramadão, recebo um telefonema de um amigo a dizer que o FBI estava à minha procura. Chego lá e tinham três quarteirões isolados. Mostraram-me uma foto do entrevistador e perguntaram-me se o conhecia. Disse que sim, que me tinha entrevistado duas semanas antes. Pedi desculpa, se o tinha eventualmente ofendido. O polícia respondeu: “Não, Sr. Tyson, ele gostou de si. Não gostou foi das 15 pessoas que feriu e das nove que matou”. Era um “serial killer”. Uma espécie de “sniper”. Só vieram ter comigo porque viram uma foto dele comigo, em que apertávamos as mãos, no “site” dele. Perguntaram-me se ele me tinha falado de alguma coisa, eu disse que não sabia de nada, estava simplesmente siderado.*

Isabelle Kumar, euronews:

Estou à espera de ver “Addicted to Chaos”. Mas em “Undisputed Truth” fala dos altos e baixos extremos. Para o nosso público, é capaz de descrever algumas cenas que sejam particularmen

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