Jens Stoltenberg: "'É muito difícil entender que algumas pessoas estejam dispostas a ir lutar por uma organização tão bárbara (EIIL)"

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Jens Stoltenberg é o antigo primeiro-ministro da Noruega. Um pacifista que protestou em frente à embaixada dos Estados Unidos da América em Oslo, contra a guerra do Vietname. Agora lidera a aliança militar mais poderosa do mundo. Assumiu o cargo a 1 de outubro. Comigo, na sede da NATO em Bruxelas, tenho o secretário-geral para discutir alguns dos desafios que enfrenta

Qual é a sua estratégia para os próximos cinco anos, para esta organização?

Jens Stoltenberg: É manter a NATO forte e ao mesmo tempo manter os nossos vizinhos estáveis e unidos com os nossos parceiros, de modo a sermos capazes de fazer o que for preciso para manter sólido o vínculo entre a Europa e a América do Norte. Tivemos uma grande cimeira da NATO, no início de setembro e chegámos a muitas decisões, relacionadas com o modo de manter a NATO forte. Decidimos, por exemplo, como implementar um Plano de Ação rápida, que é um plano sobre como tornar as nossas forças mais aptas e aumentar as nossas capacidades militares.

e: Uma das grandes questões desta organização é, como sempre, os gastos na defesa, particularmente entre os membros europeus deste clube. O que dizer aos cidadãos europeus que estão tão preocupados, neste momento de austeridade… Com cortes na saúde, na educação, que têm de gastar ainda mais na defesa.

JS: Gostaria de começar por dizer que entendo que estas são decisões e escolhas difíceis mas, ao mesmo tempo, creio que temos de seguir em frente quando há apenas umas semanas concordámos… Todos os chefes de Estado e de Governo decidiram que chegou o momento para pararmos, pelo menos, com os cortes nos gastos e, gradualmente, começar a aumentar os gastos com a defesa, durante a próxima década. O que temos assistido é a NATO a cortar nos gastos com a defesa nos últimos anos, enquanto outros países que nos rodeiam, como a a Rússia, têm aumentado, e muito. Portanto, é tempo para inverter esta tendência.

e: Vamos falar sobre a relação com a Rússia. Quando era o primeiro-ministro da Noruega disse ter tido um bom relacionamento com Vladimir Putin. Ele disse, numa entrevista na última primavera, que tinham uma relação pessoal. Como descreveria o seu relacionamento com o presidente russo?

JS: A Noruega e a Rússia trabalham em conjunto há muitos anos, em diferentes questões. Portanto desenvolvi uma relação de trabalho com os líderes russos.

e: Quando foi a última vez que falou com Putin?

JS: Não me lembro, exatamente, mas houve um telefonema quando eu era primeiro-ministro e encontrei-o em várias ocasiões, nessa altura. Renunciei ao cargo de primeiro-ministro há mais de um ano, então, pelo menos, há mais de um ano. Mas a ideia é que a relação que a Noruega tinha com a Rússia foi baseada na nossa força militar e na nossa adesão à aliança da NATO. Portanto, não há contradição em ser a favor da força militar – uma política previsível, firme – e ao mesmo tempo ser a favor de uma relação mais construtiva com a Rússia.

e: Então, o que é necessário acontecer para que esse relacionamento seja restaurado? As condições?

JS: A Rússia tem de mudar as suas ações. Tem de agir em conformidade com o direito internacional. Tem de agir em conformidade com as suas obrigações internacionais. Isso é algo que temos de ser capazes de estabelecer: relações de cooperação, no futuro.

e: Vamos seguir em frente e falar do grupo Estado Islâmico. Eles estão muito perto da fronteira com a Turquia. O que é que a NATO pode fazer para combater essa ameaça? Parece que a aliança está sentada a assistir, neste momento.

JS: A principal responsabilidade, para a NATO, é proteger todos os aliados. Temos implantado mísseis “Patriot” na Turquia para protegermos o país… Para ajudá-los a protegerem-se de quaisquer repercussões da violência, dos conflitos que temos assistido na Síria e agora, também, no Iraque. Nós, claro, defendemo-los. Além disso, concordámos, na cimeira no País de Gales, que estamos prontos para ajudar o Iraque a melhorar e a aumentar as suas forças de segurança, para torná-las mais capazes de se defender. Além disso, também cooperamos no que diz respeito ao retorno dos combatentes a casa, numa troca de informações, de modo a sermos capazes de evitar que eles representem uma ameaça, no que toca ao risco de ataques terroristas nos nossos próprios países.

e: Mencionou a questão dos combatentes estrangeiros… Você tocou corações e mentes de todo o mundo com uma resposta digna ao massacre de Breivik. Há apenas três anos disse, em Oslo, que a resposta correta é “mais abertura, mais democracia.” Então, em que é que isso difere no relacionamento com estes combatentes estrangeiros? Será essa a mesma estratégia que devemos usar?

JS: É fundamental que defendamos os nossos ideais, pois é a sociedade aberta, a sociedade democrática que eles estão a atacar. O que devemos fazer, cada vez que somos ameaçados por terroristas, é defender os valores fundamentais da nossa sociedade, as sociedades democráticas abertas. Mas, é claro, além disso, precisamos de cooperação pol

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