Terá sido suspensa por 10 dias a execução de Reyhaneh Jabbari, a mulher que foi presa em 2007, com 19 anos, pelo assassinato de um homem que ela acusa de a ter tentado violar. Morteza Abdolali Sarbandi era médico, ex-funcionário do Ministério de Inteligência iraniano e um alegado cidadão respeitável, o que terá levantado dúvidas sobre a versão da mulher.
Jabbari foi condenada à forca dois anos depois do alegado ataque de Sarbandi por um tribunal de Teerão e o veredicto viria a ser confirmado em 2010 pelo Supremo Tribunal.
O caso, contudo, chamou a atenção da comunidade internacional e o Irão tem vindo a ser pressionado para revogar a sentença da mulher, que admite ter apunhalado o homem, mas em auto-defesa, acrescentando que Sarbandi terá sido morto por outra pessoa que estaria no mesmo local, o que nunca terá sido devidamente investigado.
Após um encontro com o presidente iraniano na semana passada, o primeiro-ministro britânico David Cameron criticou o Irão perante as Nações Unidas pela “forma como trata o próprio povo”. Hasan Rouhani regressou a Teerão segunda-feira e acusou Cameron de ter proferido “uma declaração inapropriada”.
Os Estados Unidos também se fizeram ouvir sobre o caso. A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, defendeu que “uma execução destas seria uma severa violação das garantias de um julgamento justo devidas à senhora Jabbari de acordo com a lei iraniana e as obrigações internacionais do Irão”. “Apelamos às autoridades relevantes para que reexaminem as evidências deste caso com a máxima transparência”, acrescentou Psaki.
A Amnistia Internacional emitiu, entretanto, um comunicado, no início desta semana, a alertar a confirmação das autoridades iranianas de que estava agendada para esta terça-feira, numa prisão a oeste de Terrão, o enforcamento de Reyhaneh Jabbari. A organização humanitária internacional apelou ao Irão para suspender a execução, “sobretudo, quando há sérias duvidas sobre as circunstâncias do assassinato.”
Na segunda-feira, Jabbari, agora com vinte e seis anos, terá telefonado à mãe a informar de que iria ser transferida para outra prisão, o que normalmente acontece no Irão aos condenados à morte antes da execução. Embora nada esteja ainda confirmado de forma oficial, as autoridades iranianas terão recuado e decidido suspender a execução por 10 dias.
Um porta-voz da Amnistia Internacional, citado pelo jornal britânico The Independent, mostrou-se “extremamebnte aliviado por Reyhaneh estar fora de perigo imediato”. “Apelamos, contudo, às autoridades iranianas para confirmar de que ela não seja enforcada dentro de uma semana e meia e que, ao invés, seja conduzia uma profunda revisão à investigação original do caso dela que está cheia de falhas”, acrescentou a mesma fonte.
Atrás da China, o Irão é um dos países onde mais pessoas são condenadas à morte e executadas. A maioria por casos ligados a droga. Mais de 170 condenados, incluindo pelo menos duas mulheres, terão sido executados desde o ínicio deste ano.