As florestas são os pulmões verdes do planeta. Durante o dia, as árvores absorvem dióxido de carbono e produzem o oxigénio que precisamos para respirar, mas à noite, tudo se inverte. A floresta começa a produzir dióxido de carbono. O que significa isso na equação do clima global?
Os cientistas do Centro de Investigação da Comissão Europeia criaram, nesta floresta, uma estação de supervisionamento, que mede a troca gasosa – ao nível do solo e acima das árvores.
“Construímos, aqui, uma torre de 36 metros. Estamos a cerca de 10 metros acima das copas, para medir como é que a floresta respira. Ou seja, qual é a absorção e emissão de CO2,” elucida o cientista Carsten Gruening.
Os cientistas sobem à torre para verificar e calibrar os instrumentos. Os sensores que estão aqui instalados recolhem os dados que permitem perceber como é que as mudanças climáticas afetam a bioquímica da floresta.
O técnico em eletrónica, Ignacio Goded Ballarin, explica que os “instrumentos medem os fluxos de dióxido de carbono, água e ozono, assim como outras variáveis, como toda a radiação solar e a parte do espetro solar que as plantas absorvem e utilizam para a fotossíntese.”
“Os nossos instrumentos estão localizados acima das copas, a uma altura ideal para medir os processos de troca entre a atmosfera e o ecossistema da floresta”, explica a investigadora, Olga Pokorska.
Todos os organismos vivos, incluindo as plantas e as bactérias do solo, produzem CO2. Sob a luz solar, as plantas convertem dióxido de carbono em hidratos de carbono, mas durante a noite, a fotossíntese para, e o CO2 é “expirado” para a atmosfera.
“Queremos descobrir, com estas medições, de que modo é que este processo está ligado às alterações climáticas: se registamos mudanças na temperatura ou na disponibilidade de água e quanto é que isso afeta a capacidade das plantas para absorver o CO2 da atmosfera”, informa Gruening.
E o que mostram as medições?
Serão necessários anos de investigação e de recolha de dados para perceber como é que, gradualmente, as florestas vão perdendo a capacidade de armazenar CO2. Uma melhor compreensão deste processo pode ajudar os governos a definir contramedidas.
“A nossa estação é constituída para um acompanhamento a longo prazo dos fluxos de CO2, por isso vamos estar a acompanhar os efeitos das mudanças climáticas no ecossistema da floresta nos próximos 10 anos. Uma rede maior de estações de medição como esta ajuda-nos a entender melhor como as florestas reagem às mudanças climáticas. Esta rede tenta cobrir toda a Europa, ou, espero que no futuro, todo o planeta”, anseia o cientista Carsten Gruening.