UE: As consequências das sanções europeias à Rússia

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As novas sanções europeias visam os setores da defesa e petrolífero, vital para a economia da Rússia. Entram em vigor com alguns dias de atraso, devido aos receios sobre o impacto que terão para a economia europeia e sobre as possíveis medidas de retaliação por parte de Moscovo

Segundo a Associação Europeia de Empresários, há 600 empresas europeias a trabalhar na Rússia ou com parceiros russos.

Por exemplo, a Alemanha representa um terço das exportações europeias para a Rússia, no valor de 36 mil milhões de euros, com vendas, sobretudo, de carros e maquinaria. Estes setores podem ser visados por novos embargos russos, como deixa antever o Kremlin.

O impacto do embargo russo aos produtos alimentares ascende a mais de 9 mil milhões de dólares. Desse valor, o maior impacto caiu sobre os países europeus. Num total de 6,5 mil milhões de dólares

Nesta nova vaga de sanções, a UE acabou por deixar fora o gigante Gazprom. O mercado europeu absorve 45% das exportações russas, sobretudo, gás e petróleo.

Para perceber as consequências das sanções para as empresas europeias e das especificidades do mercado russo, a jornalista Natalia Marshalkovich falou com Sergej Sumlenny, porta-voz de “Russia Consulting”.

Natalia Marshalkovich, euronews: As sanções foram reforçadas, a situação está a mudar rapidamente. O que têm que fazer as companhias ocidentais na Rússia, as que querem continuar?

Sergej Sumlenny – Se uma empresa ocidental quiser continuar a trabalhar na Rússia, tem de proceder a algumas verificações, nomeadamente da sua lista de parceiros.
Como sabe, as sanções americanas e europeias proíbem relações comerciais com as empresas que estão na lista negra e as associadas, com mais de 50% das ações.
As empresas estrangeiras na Rússia têm agora de verificar toda a estrutura das empresas com que lidam, assim como com os fornecedores, os clientes, os parceiros, os próprios capitais – para ter a certeza de que não estão na lista negra.

euronews – Isso significa que as empresas ocidentais têm de mudar radicalmente a forma como funcionam por causa das sanções? Pensa que algumas se vão retirar do mercado russo?

Sergej Sumlenny – Obviamente, isto atinge especialmente as empresas por causa das sanções. Por exemplo, as empresas alemãs que forneçam equipamentos para utilização militar e civil, nomeadamente, tecnologia para o petróleo e todos os outros setores que estão agora sujeitos a sanções.
Agora têm de rever o formato e decidir se querem continuar na Rússia.
Deve ficar claro que os setores afetados representam um pequeno número de companhias. A maioria dos negócios alemães na Rússia não é atingida no todo da máquina empresarial russa. Continuam a trabalhar, mas necessitam verificar o nível de relações.
Mas no geral, as empresas alemãs e europeias mantêm-se na Rússia porque esta continua a ser um mercado atrativo para elas. Embora esta “espiral de sanções” que estamos a testemunhar esteja, de algum modo, a desequilibrar as suas estratégias de negócios. Sabemos que muitas empresas congelaram projetos de investimento na Rússia, por preferirem aguardar para investir.
Na verdade, mantêm os planos a longo prazo. Por exemplo, a maioria das empresas alemãs na Rússia são médias empresas. Há cerca de 6000 empresas alemãs que trabalham na Rússia, atualmente, portanto, têm planos a longo prazo, não a um mês ou a um ano. As estratégias são projetados por vários anos e até mesmo décadas. E a sua visão de longo prazo é manter-se na Rússia.

euronews – Vemos que as sanções europeias provocam as chamadas contra-sanções do governo da Rússia. Será que podem ter um papel marcante na vontade de manter a presença europeia neste mercado?

Sergej Sumlenny – As sanções provocam sempre reações. Mas a situação em que nos encontramos pode tornar-se um ciclo vicioso. As autoridades russas já anunciaram que vão responder às sanções europeias. Se a Europa responde outra vez, se a UE impõe novas sanções, a situação pode tornar-se bem mais difícil para as empresas. Os negócios podem sofrer as consequências e haver cada vez mais problemas com os investimentos.

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