Neste mundo Ă© mais rico o que mais rapa: quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua lĂngua, ao nobre o vil decepa.
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mĂŁo de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mĂŁo, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais nĂŁo digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Gregorio de Matos Guerra
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