Edição do dia 13/01/2014
Falta d’água atormenta milhares de cariocas no calor do verão
Na escassez, moradora toma banho com a água do ar-condicionado. Quem se considerar prejudicado pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor.
Neste verão de 40°C, até mais do que isso, com sensação térmica de até 50°C, milhares de cariocas estão sem água. Em alguns casos, o problema começou antes do Natal.
As torneiras estão secas desde o fim de 2013, em parte do bairro de Bela Vista, na Zona Norte do Rio.
“É mais de dois meses que não entra água nenhuma. Nenhuma mesmo”, afirma uma moradora.
E não adianta reclamar da falta d’água. “Eles botam umas ordens de serviço, dizem que em 72 horas resolvem o problema. Aí não vem ninguém. A água aparece um pouquinho e daqui a pouco some de novo”, relata o comerciante Jorge dos Santos.
Os moradores mostram a conta da Companhia Estadual de Abastecimento de Água e Esgoto (Cedae), que chega em dia. Mas quem quer água tem que comprar caminhão-pipa.
“Cada caminhão de água varia de R$ 300 a R$ 500. Então, é o que nós fazemos para poder conseguir ter água”, destaca a dona de casa Eliane Carvalho.
Ou contar com a boa vontade dos vizinhos que ainda têm um restinho de água na cisterna. “Quem tem água dá um balde, mas está todo mundo nessa guerra. Está botando vizinho contra vizinho”, conta a vendedora Carla Souza.
Nesta seca em pleno verão, que passa dos 40°C, as necessidades mais básicas da família se tornam um problema.
“A gente vai todo o dia na casa da minha sogra, que é em outro bairro, para poder dar banho, lavar roupa. Duas, três vezes por dia, porque não tem jeito”, diz uma moradora.
Na escassez, qualquer pinguinho tem serventia. “Eu tomava banho de manhã com a água do ar-condicionado e apanhava água na casa da minha filha para jogar nos reservatórios”, relata outra moradora.
Há três dias, depois de muita insistência dos moradores, a Cedae começou a mandar caminhões para abastecer os poços artesianos e as caixas d’água.
Mas só um caminhão não consegue resolver a situação de todo mundo. São 10 mil litros distribuídos entre apenas dez famílias. Só em uma rua são mais de 700 casas que continuam sem uma gota d’água na torneira. São mil litros por casa.
“São 8 mil litros nesta cisterna. Não vai encher não”, afirma uma moradora. “É um caminhão só. As pessoas pegam hoje e não dá para todo mundo”, critica outro morador.
Restou aos moradores a cena do caminhão indo embora, com a promessa de voltar outro dia.
A água que faz tanta falta a quem não tem, jorra em vazamentos pela cidade. Em Inhaúma, também na Zona Norte, um cano quebrado formou quase uma lagoa de água limpa, desperdiçada.
“Tem 15 dias que a Cedae fez este buraco e até hoje não voltaram para dar a resposta”, reclama um morador.
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http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/01/falta-dagua-atormenta-milhares-de-cariocas-no-calor-do-verao.html